A oftalmia simpática é uma panuveíte necrotizante difusa, granulomatosa, mediada por células T, num dos olhos (olho simpatizante), secundária a uma cirurgia ou a um traumatismo no outro olho, com um período de latência variável.
Esta doença representa 2% de todos os casos de uveíte. A sua incidência tem sido estimada em mais de 0,5 % nos olhos com traumatismo não cirúrgico, e em 1/10000 dos casos após cirurgia intraocular. O período de latência pode ser apenas de 5 dias ou de até 50 anos. Em 80 % dos casos ocorre entre 3 semanas e 3 meses e em 90 % ocorre dentro de um ano após o traumatismo.
A oftalmia simpática está associada ao encarceramento ou prolapso traumático de...
A oftalmia simpática é uma panuveíte necrotizante difusa, granulomatosa, mediada por células T, num dos olhos (olho simpatizante), secundária a uma cirurgia ou a um traumatismo no outro olho, com um período de latência variável.
Esta doença representa 2% de todos os casos de uveíte. A sua incidência tem sido estimada em mais de 0,5 % nos olhos com traumatismo não cirúrgico, e em 1/10000 dos casos após cirurgia intraocular. O período de latência pode ser apenas de 5 dias ou de até 50 anos. Em 80 % dos casos ocorre entre 3 semanas e 3 meses e em 90 % ocorre dentro de um ano após o traumatismo.
A oftalmia simpática está associada ao encarceramento ou prolapso traumático de tecido uveal. Isto parece causar uma hipersensibilidade retardada para antigénios sequestrados, localizados no epitélio pigmentado da retina ou nos melanócitos uveais. Alguns tipos de HLA (HLA-DR4, -DRw53 e DQw3) são encontrados, com maior frequência, em doentes que desenvolvem oftalmia simpática.
Os doentes apresentam-se com queixas de diminuição da acuidade visual e fotofobia. Clinicamente caracteriza-se por uma panuveíte bilateral assimétrica, com uma maior inflamação no olho traumatizado. Os achados no segmento anterior incluem precipitados queráticos, “flare”, células, espessamento da íris e sinéquias posteriores. A pressão intraocular pode estar elevada (inflamação da rede trabecular) ou baixa (encerramento do corpo ciliar). O exame do fundo ocular mostra vitrite, múltiplas lesões coroideias branco-amareladas (nódulos de Dalen-Fuchs - células epitelioides situadas entre a membrana de Bruch e o EPR), que podem ser confluentes. Pode ocorrer um descolamento exsudativo da retina.
A angiografia fluoresceínica pode mostrar múltiplas áreas de hiperfluorescência traduzindo derrame ao nível do EPR. Esta hiperfluorescência persiste nas fases tardias e correspondem também a áreas de descolamento seroso do EPR. Os nódulos de Dallen-Fuchs são hipofluorescentes nas fases iniciais, ficando hiperfluorescentes nas fases tardias. A ultrassonografia pode mostrar espessamento da coroideia.
O curso da panuveite é crónico, com exacerbações frequentes. Quando o traumatismo está associado a perda da função visual, a enucleação deve ser ponderada nas primeiras 2 semanas após o traumatismo. O olho deve ser preservado se houver uma razoável função visual.
As complicações da oftalmia simpática incluem catarata, edema macular cistoide, neovascularização da coroideia e atrofia ótica.
Se o tratamento for agressivo e oportuno o prognóstico é bom. Cerca de 60% dos doentes atingem uma acuidade visual final de 20/40.