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Qual a relação entre tatuagens e uveíte?

13 de May, 2025

Uma pode induzir a outra, seja por hipersensibilidade retardada à tinta da tatuagem, seja por uma resposta antigénica que pode levar a uma reação granulomatosa. Nas duas hipóteses a tinta da tatuagem é o elo comum. A uveíte associada a tatuagens é uma entidade clínica rara, mas pode estar subdiagnosticada

Uveíte é um termo genérico para descrever um grupo de doenças em que há uma inflamação intraocular, podendo o processo inflamatório causar uma destruição de tecidos e uma perda de visão mais ou menos grave. O termo uveíte deriva da palavra “Úvea”, que é a camada vascular do globo ocular, embora numa uveíte o processo inflamatório não se limite a esta estrutura, podendo afetar a retina, o nervo óptico e o vítreo, reduzindo a visão ou causando mesmo cegueira.

As uveítes têm muitas e diferentes causas, podendo ser doenças que afetam exclusivamente o globo ocular ou serem uma manifestação ocular de uma doença sistémica, afetando outras partes do corpo. Podem ocorrer em qualquer idade, inclusivamente em crianças.

Podem ser agudas (meses) ou crónicas (anos) e, algumas formas de uveíte podem manifestar-se por crises recorrentes de inflamação intraocular, que acontecem a intervalos irregulares, podendo cada episódio deixar sequelas no globo ocular e consequentemente na visão.

A uveíte induzida por tatuagens é uma situação clínica em que o doente apresenta uma inflamação intraocular associada a inflamação granulomatosa das tatuagens. Geralmente os casos apresentam uma uveíte anterior ou panuveíte bilateral, associada a granulomas não-caseosos na pele tatuada. Embora descrita em 1952, por Lubeck and Epstein, assume hoje uma importância maior pelo número crescente de casos observados, possivelmente por um aumento da prevalência de tatuagens.

Embora a causa seja desconhecida, especula-se que possa representar uma forma de hipersensibilidade retardada aos pigmentos das tatuagens ou possivelmente uma forma limitada de sarcoidose. O principal fator de risco para esta situação clínica é a presença de tatuagens. Têm sido implicadas algumas cores das tatuagens, contudo, as tintas usadas nas tatuagens não são regulamentadas nem estão estandardizadas.

Por razões desconhecidas, os doentes com uveítes tendem a ser mais novos e a apresentarem mais vezes tatuagens negras do que coloridas. Os pigmentos das tatuagens são uma mistura complexa de metais pesados e compostos orgânicos, o que pode contribuir para uma disfunção imunológica. As biópsias das tatuagens inflamadas revelam a presença de granulomas não-caseosos que apresentam pigmento da tatuagem. Isto sugere uma resposta inflamatória e ativação linfocitária, provavelmente desencadeada pelos pigmentos. No entanto, é difícil distinguir um granuloma de corpo estranho de um granuloma da sarcoidose.

Alguns destes casos parecem estar associados a uma sarcoidose sistémica, com um envolvimento ocular frequente. Outros incluem uveítes associadas a granulomas das tatuagens e, noutros casos, surgem uveítes após a tatuagem, mas sem granulomas na pele.

Embora não se conheça bem o mecanismo desta situação, são sugeridas duas hipóteses. A primeira é uma reação de hipersensibilidade retardada à tinta da tatuagem que contem compostos que podem ser tóxicos, mutagénicos e carcinogénicos.

Em indivíduos suscetíveis, uma grande carga antigénica encontrada na tinta, pode desencadear uma reação de hipersensibilidade, retardada e causar a uveíte induzida pelas tatuagens. A segunda hipótese é que uma resposta antigénica – moderada e crónica à tinta das tatuagens – pode levar a uma reação granulomatosa sistémica consistente com sarcoidose em indivíduos suscetíveis.

Assim, todos os doentes que apresentem uveítes devem ser questionados sobre a realização prévia de tatuagens e sobre episódios prévios de inflamação das tatuagens. É obrigatória a observação das tatuagens e verificar se apresentam sinais de inflamação externa, edema, induração, dor, calor ou descamação.

Geralmente, os sinais oculares surgem no primeiro ano após a tatuagem e são coincidentes com sinais inflamatórios da tatuagem.

Os sintomas da uveíte incluem olhos vermelhos, dor, alterações na visão (baixa), sensibilidade à luz e visão de pontos pretos. Os sinais incluem hiperémia ciliar, células na câmara anterior, precipitados queráticos, muitas vezes granulomatosos, sinéquias posteriores, aumento da pressão intraocular, células no vítreo e snowballs, vasculite, coroidite e, algumas vezes, granulomas coroideus.

O diagnóstico da uveíte induzida por tatuagens é clínico e baseado na presença de tatuagens, sobretudo com inflamação, e uveíte. O diagnóstico requer a exclusão de outras causas de uveíte, especialmente a sarcoidose.

Todos os doentes com granulomas das tatuagens e uveíte devem ser estudados para exclusão de uma eventual sarcoidose. Está indicada a realização de radiografias do tórax, ou melhor ainda, uma tomografia computorizada de alta resolução do tórax, na avaliação de uma eventual sarcoidose pulmonar. No entanto, estes doentes (geralmente) não têm envolvimento pulmonar e questiona-se se representam um subtipo diferente de sarcoidose, causada por exposição a outro antigénio específico do meio-ambiente. Pode ainda ser indicada a realização de outros exames complementares de diagnóstico, dependendo da história clínica e exame físico.

O tratamento da uveíte induzida por tatuagens inclui os corticosteroides tópicos e, muitas vezes, sistémicos. Pode ser necessário recorrer à imunossupressão em casos mais graves ou mesmo a agentes biológicos, como o adalimumab, em casos de uveítes posteriores.

Em pequenas tatuagens isoladas com evidência de inflamação, a excisão deve ser discutida com o doente, já que há evidências da resolução dos episódios de uveíte após a excisão.

A remoção das tatuagens com laser não é aconselhável, pois a exposição adicional de pigmento ao sistema imunitário pode causar mais inflamação. Não é recomendável a realização de novas tatuagens nestes doentes, uma vez que a exposição adicional à tinta pode provocar ou agravar a inflamação ocular.

A uveíte associada a uma reação granulomatosa a tatuagens é uma entidade clínica rara, mas esta situação poderá estar subdiagnosticada. Deve ser considerada em todos os casos que apresentam uma uveíte de causa indeterminada. Os casos que apresentam alterações nas tatuagens devem ser igualmente questionados sobre a existência ou não de sintomas oculares.

Com o aumento da popularidade da arte das tatuagens e das tatuagens makeup permanente é previsível que o número de casos aumente.

Rui Proença
(Médico, Oftalmologista)

Saiba mais em :

https://ccci.pt/qual-a-relacao-entre-tatuagens-e-uveite/

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